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domingo, 24 de julho de 2011

Conto:Curta Metragem#01

Estreando antes do previsto confiram o novo conto do De 0lh0 na Leitura.
Era um belo dia ensolarado quando Felipe levantou da sua cama no terceiro dia após ter recebido sua sentença de morte: uma carta com o resultado de uma bateria de exames comprovando que ele tinha câncer em um nível avançado. Poucos sabem da sua terrível doença, considerada um acaso do destino, afinal, Felipe nasceu abençoado com grandes olhos azuis e um rosto que se tornou capa de várias revistas, mas nada disso o salvaria da morte.
Aconselhado por todos, ele continuou indo à escola, escondendo sua doença dos amigos enquanto vive uma vida normal.
— Acorda, Felipe. A professora já entrou na sala — disse Júlio, seu melhor amigo ao ver que ele continuava olhando os pássaros voarem do lado de fora da sala de aula. Felipe sempre foi um grande sonhador, com grandes planos. Sempre gostou de ver o mundo com seus próprios olhos, ainda mais agora, sempre que pode se vê observando algo enquanto pensa mil coisas por segundo. Júlio está na lista dos que “não sabem da doença”, Felipe preferiu poupá-lo da dor. Ele então voltou do seu estado pensativo e começou a olhar para a professora, assim como todos os outros alunos. Foi uma aula sobre DNA, genes e coisas chatas de biologia.
— Sexta vai ser aniversário de Nicole, você vai não é? Precisa ir, pelo menos essa vez... — disse Júlio após deixarem o colégio com o fim das aulas.
— Não dá cara, vou estudar — mentiu enquanto atravessavam uma rua pouco movimentada.
— Por favor, Felipe — Júlio agora se prostrava na frente de Felipe com uma expressão de súplica no rosto. — Eu sou apaixonado por ela, é a minha chance, por favor... vai comigo.
— Não posso... — esquivou-se Felipe, voltando a andar.
— Só me acompanha... vou dar o presente dela e puxar papo, depois você pode ir embora.
— Não vou beber e se você demorar, eu saio. Não fique com vergonha de chegar nela, ok?
— Tudo bom, cara, te devo uma! — disse Júlio triunfante, saindo do caminho e seguindo calado até o ponto onde os dois se separam. Tomando caminhos diferentes, cada um para a sua casa. Felipe de cabeça baixa com as mãos no bolso e Júlio sempre olhando pra frente, com uma forma única de andar, sempre radiante.
Naquele dia Felipe resolveu almoçar na rua, em um restaurante à quilo e barato que ficava no caminho até sua casa. Um lugar pacífico, onde os trabalhadores com uma renda humilde almoçavam no intervalo de seus turnos. Um prato saudável, com uma boa quantidade de comida saía por no máximo dez reais. O de Felipe foi cinco e noventa e três, puro, sem nada pra beber. Ele pagou mais trinta centavos pela quentinha e almoçou numa praça, em frente ao restaurante.
Felipe sempre gostou de almoçar naquele lugar e o faz sempre que o troco dos lanches no colégio soma sete reais, mesmo que nunca tenha gastado mais que sete reais. O melhor daquele momento é a paz que não tem em casa, transformando aquele singelo banquinho de praça no seu trono. Aproveita para observar os pássaros e o movimento das folhas com o vento. Alguns podem chamá-lo de maluco por fazer isso, mas é estranho tachar alguém de louco por fazer o que gosta, tendo um momento de paz de espírito.
Uma garota bonita que corria pela praça sorriu ao passar por ele. “Tão magra... por que corre?”, pensou Felipe. Uma última garfada, se levantou e jogou a quentinha no lixo.
A lua minguante marcava o ceu sem estrelas e com poucas nuvens naquela Sexta-feira. Felipe havia pensado duas vezes em desistir antes de deixar a casa. Não quis se perfumar, nem pentear o cabelo, na verdade nunca gostou de se arrumar muito. Despediu-se dos seus pais e da sua irmã como se fosse a última vez. Sempre o faz porque tem medo que não volte para casa, tem medo de morrer no caminho, já havia desistido de lutar e de viver. Não queria ter esperanças de que um milagre acontecesse, apenas vivia por viver e por não ter coragem suficiente de tirar a própria vida. Não chegava a ser depressivo, mas sim com uma tristeza enorme e externada.
Felipe o aguardava em um posto de gasolina, ponto de encontro anteriormente marcado. De lá seguiram para a casa de Nicole, trocando poucas palavras. A tristeza de Felipe naquele dia era um pouco maior, Júlio percebeu, sempre percebia, mas era tímido e nunca havia questionado o melhor amigo. Um alívio para Felipe que não responderia, mesmo sendo questionado.
Continua...

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