De madrugada, ofegantes e quase sem fôlego, ouvimos um barulho fora da cabana. Me vesti, e fui ver o que era, Bia estava apavorada, pois o bosque e a vila já eram sombrios de mais para estarem ali, e ainda ter que passar a noite naquele frio já eram de mais. Quando cheguei lá fora, um barulho ensurdecedor tomou conta dos meus ouvidos, e eu me encontrei no chão. Me levanto e volto para dentro, Bia assustada perguntou o que era, e eu disse que não sabia, pois não tinha visto nada.
Uma sombra de repente veio na minha direção e me jogou contra a parede de troncos da cabana, ela tentou ir em cima de Bia, mas eu peguei a faca e enfiei-a na sombra. A sombra era o homem que estava em pé quando Rick morreu, não sei por que eu sei disso, mas sei que quando cheguei perto dele, meu meio pé começou a doer, e o homem com a faca enfiada na cabeça virou para mim e tentou me sufocar, Bia bateu na cabeça dele com um pedaço de madeira que tinha por perto, e ele caiu. De repente, tudo ficou calmo e em silêncio.
Bia começou a chorar de desespero, e tentei consolá-la, mas de repente tudo foi ficando mais escuro, e Bia começou a gritar, e do nada eu acordo em uma cama, num quarto de um hospício, como se tudo aquilo tivesse sido um sonho, mas me levanto e lembro que eu cometi o acidente que matou minha família, lembro que seqüestraram meu filho Rick, e três enfermeiras entram no quarto, duas me agarram e uma tenta me sedar, mas eu consigo fugir, e penso em tudo o que aconteceu, não presto atenção por onde estou andando, e subo uma escada.
Chego no terraço, e penso em me jogar, quando as enfermeiras chegam, eu corro e me jogo do terraço, pois minha família morreu, eu não tenho motivos para viver.
Acordo em uma cama, com Bia ao meu lado, e sorrindo para mim. Penso que novamente tudo foi um sonho, e percebo que minha vida verdadeira foi com Beatriz, eu tenho um filho com ela, e nunca nada disso tinha acontecido.
Me acalmo e sorrio para ela também, pois descubro que sou feliz, com a minha família.
De repente tudo fica claro de mais, e eu fecho os olhos. Acordo ouvindo barulhos na cozinha, tenho a sensação de que não deveria ir, mas acabo descendo e vou ver o que é. Tudo passa como um flash, e descubro que nada foi um sonho, nada havia terminado, tudo apenas, começado.
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