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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Conto:Curta Metragem#04



Felipe viu sua foto estar presa no tronco de uma árvore. Olhou de volta e leu o que estava escrito logo abaixo da foto: “Procurado. Vivo. Somente vivo rs”, e ainda mais embaixo um número de celular. Ele ficou furioso com aquilo, “como podem usar minha imagem assim? Eu não permiti nada!”, bufou de raiva em pensamento. Puxou com força aquela folha de papel e amassou-a nas mãos. Seguiu com passos firmes e jogou-a no primeiro lixo, mas tornou a se assustar. Outra árvore com o mesmo recado. Sua raiva passou rapidamente para medo, estava totalmente nervoso e assustado. Olhou ao seu redor e percebeu que sua foto estava em todas as árvores daquele colégio.
Nervoso, pegou o celular meio sem jeito e começou a discar os números que viu no cartaz. Errou algumas vezes, apagou e digitou novamente, depois de conferir algumas vezes, pôs no ouvido.
— Olá — disse uma voz feminina, já conhecida por ele.
— Ah, é você! Só podia! É uma maluca mesmo! — Felipe bradava de raiva.
— Oi meu amor, que bom que você ligou — Júlia não parecia se importar nem um pouco com a raiva dele.
— Como... você conseguiu minha foto? — ele tropeçava pelas palavras.
— Nem foi muito difícil, perguntei se alguém sabia de onde você era, onde estudava... depois pedi a um amigo que entrasse no sistema do colégio e pegasse uma foto sua. Daí fiz esses cartazes, que ficaram lindos né? — ela ria ingenuamente, e Felipe percebeu isso.
Ele não podia mais ficar com raiva dela, porque ela não tinha nenhuma noção da realidade, tudo parecia como uma brincadeira sem consequências, o que o surpreendia cada vez mais.
— Ei, não foge dessa vez — Júlia continuou. — Não corre, deixa eu falar! — dessa vez a voz veio logo atrás dele.
Felipe virou-se e viu que ela estava ali, com o mesmo uniforme que ele. Os dois estudavam no mesmo colégio, mas ele nunca a tinha percebido. Fez menção de falar alguma coisa, mas foi calado com uma mãozinha pequena e leve daquela garota aparentemente louca.

— Dá uma chance, só uma, prometo que não mais fazer maluquices, vou tomar meu remedinho todo dia, no horário certo, vou ser a melhor namorada do mundo... me dá essa chance, não foge de mim, você me dá essa chance? Por favor...?
Ele pareceu ignorar todo o resto depois que ouviu a parte do remedinho.
— Você toma remédio controlado é?
— Não, seu bobo — desatou a rir. — Sabia que você ia falar, não tomo remédio controlado, não sou tão maluca. Posso ser maluquinha, um pouquinho só, sabe? Daquele tipo de mulher que fala demais e que tem DDA, sabe? Eu já te falei o que é? É um distúrbio de atenção e é até comum, não é nada muito raro e nada que impeça a pessoa de viver, ter um relacionamento, e tal...
— Você fala muito...
— Então me cala! — gritou como irritada, mas então sorriu, fechando um pouco os olhos, deixando uma expressão doce no rosto, coisa que Felipe não conseguia resistir.
— Não posso... eu tenho câncer...
— E daí? Não é transmissível, pode ficar tranquilo.
— Não é isso, você sabe que não é... não posso deixar que você goste de mim e depois sair da sua vida do nada... não tenho esse direito.
— Eu não ligo, de que adianta viver com medo de morrer? Aproveita o tempo que você ainda tem... — ela se aproximou um pouco mais, ficando na ponta dos pés para que entrasse na linha de visão dele. — Aproveita esse tempo comigo.
Dessa vez ela não fez nada, apenas esperou Felipe tomar o incentivo. Não demorou muito, ele se aproximou sem dizer uma palavra e a beijou intensamente

Um diante do outro, trocando olhares pasmos e confusos, como se não entendessem direito o que estava acontecendo. Ele, rompendo barreiras que havia construído por si só, com seu medo de começar um relacionamento. Ela, sem saber porque ele havia mudado de opinião tão rapidamente, depois daquela cena do dia anterior e também por ter considerado uma atitude besta e arriscada a de ter espalhado cartazes pelas árvores do colégio.
Os olhares eram penetrantes e a ausência de palavras tornava aquele momento ainda mais sombrio. Ambos queriam dizer qualquer coisa que fosse, quebrar aquele clima “estranho”, mas nenhum conseguia dizer nada. Felipe parecia uma criança diante do seu primeiro amor, totalmente inibido, envergonhado e com medo do que aconteceria em seguida. Já Júlia, estava com um sentimento de vazio, por ter perdido sua confiança inicial e por parecer tão perdida diante dele, algo que raramente acontecia, por ela ser muito extrovertida — talvez até por causa da sua doença.
— E aí... — começou Júlia, perdendo-se momentaneamente nos seus pensamentos. Ela parecia querer dizer algo, por isso Felipe ficou parado esperando ela continuar. — Já estamos namorando? — terminou a frase, abrindo um sorriso de uma orelha à outra.
Ele não aguentou e desatou a rir, em escala crescente. Ela não entendeu muito bem e começou a rir também, contagiada. Seus risos foram ouvidos de longe, e se alguém passasse por perto, com certeza riria também.

Depois de alguns minutos, os risos diminuíram e cessaram. Agora a expressão que dominava no rosto de Júlia era de confusa, então Felipe caiu na real: ela não estava brincando.
— Isso... é sério? — perguntou, parecendo mais confuso que ela.
Ela pareceu ofendida com a pergunta.
— Claro que é... — respondeu com a voz falhada, parecendo triste.
— Só por causa de um beijo estaríamos namorando?
— Na verdade foram dois...
Ela parecia ainda mais ofendida e triste a cada palavra que ele dizia. Isso o deixou até sem graça e com pena dela. “Mas por que não? É um caminho sem volta que já comecei a percorrer”, pensou.
— Você... quer namorar comigo?
A frase pareceu atingi-la como uma flecha, com um efeito de puro êxtase e alegria.
— Claro que eu quero, seu fofo.
Ela sorria monstruosamente e não se conteve, partiu pra cima dele e começou a beijá-lo. Ele não ficou atrás, já entregue, e a beijou até muito feliz.

Ao se separarem, ela já começou a falar. Uma das coisas que ela sempre faz quando está animada.
— Então... você estava indo pra onde? — perguntou, tropeçando nas palavras.
— Ia almoçar aqui perto, num lugar que costumo ir pra pensar.
Ela ouviu mas não disse palavra, queria que ele a convidasse, mas não teve coragem de pedir. Agora ela estava mais contida, como se tivesse mudado de personalidade de uma hora pra outra. Felipe percebeu isso.
— Quer ir comigo? — questionou com um sorriso diferente, admirado com a garota que estava à sua frente.
— Claro que quero, seu lindo! Eu te amo cara!
As últimas palavras pegaram-no de surpresa. Sabia que o caminho era sem volta e que cedo ou tarde essas palavras iriam ser ditas, mas não sabia que seria tão cedo. Estático, nem percebeu quando ela pegou sua mão e começou a puxá-lo pra andar, falando mil coisas que não faziam muito sentido para ele. Sem perceber também, guiou-a até o restaurante, mas se perguntassem que caminho tomaram, não saberia dizer. Foi como se estivesse ausente todo o caminho, com aquela frase martelando na sua cabeça.

Júlia encheu o prato com quase tudo que viu pela frente, das coisas mais saudáveis às mais gordurosas. Somente o pedaço de carne tomava metade do prato. “Que gulosa, será que vai comer tudo isso? E será que tem dinheiro pra pagar? Eu mal tenho pra mim, não poderei pagar o dela...”, pensou Felipe. O seu prato tinha alguns vegetais e uma lasanha, espalhados de forma organizada, em gradiente de cores: as mais escuras na borda e as mais claras no centro do prato. Chegava até a ser excêntrico o modo como ele arrumava a comida no prato, com o máximo de cuidado como se estivesse arrumando o armário. Mais uma característica pra se somar na lista do casal esquizofrênico.
— Vinte e um reais... sete e cinquenta — disse a mulher do caixa ao pesar os pratos de Júlia e Felipe, respectivamente.
A mulher esperou, no intuito de que Felipe pagasse tudo, num gesto de cavalheirismo, mas foi Júlia que tomou a frente de deu uma nota de cinquenta, pedindo duas garrafas de água junto.
— Refrigerante é ruim, vamos beber água. A comida é pra levar.
Júlia sorria ao receber o troco. Felipe sempre com um olhar confuso, não disse nada e a seguiu para a pracinha, velha conhecida de Felipe, em frente ao restaurante.

Júlia encheu o prato com quase tudo que viu pela frente, das coisas mais saudáveis às mais gordurosas. Somente o pedaço de carne tomava metade do prato. “Que gulosa, será que vai comer tudo isso? E será que tem dinheiro pra pagar? Eu mal tenho pra mim, não poderei pagar o dela...”, pensou Felipe. O seu prato tinha alguns vegetais e uma lasanha, espalhados de forma organizada, em gradiente de cores: as mais escuras na borda e as mais claras no centro do prato. Chegava até a ser excêntrico o modo como ele arrumava a comida no prato, com o máximo de cuidado como se estivesse arrumando o armário. Mais uma característica pra se somar na lista do casal esquizofrênico.
— Vinte e um reais... sete e cinquenta — disse a mulher do caixa ao pesar os pratos de Júlia e Felipe, respectivamente.
A mulher esperou, no intuito de que Felipe pagasse tudo, num gesto de cavalheirismo, mas foi Júlia que tomou a frente de deu uma nota de cinquenta, pedindo duas garrafas de água junto.
— Refrigerante é ruim, vamos beber água. A comida é pra levar.
Júlia sorria ao receber o troco. Felipe sempre com um olhar confuso, não disse nada e a seguiu para a pracinha, velha conhecida de Felipe, em frente ao restaurante.

Júlia encheu o prato com quase tudo que viu pela frente, das coisas mais saudáveis às mais gordurosas. Somente o pedaço de carne tomava metade do prato. “Que gulosa, será que vai comer tudo isso? E será que tem dinheiro pra pagar? Eu mal tenho pra mim, não poderei pagar o dela...”, pensou Felipe. O seu prato tinha alguns vegetais e uma lasanha, espalhados de forma organizada, em gradiente de cores: as mais escuras na borda e as mais claras no centro do prato. Chegava até a ser excêntrico o modo como ele arrumava a comida no prato, com o máximo de cuidado como se estivesse arrumando o armário. Mais uma característica pra se somar na lista do casal esquizofrênico.
— Vinte e um reais... sete e cinquenta — disse a mulher do caixa ao pesar os pratos de Júlia e Felipe, respectivamente.
A mulher esperou, no intuito de que Felipe pagasse tudo, num gesto de cavalheirismo, mas foi Júlia que tomou a frente de deu uma nota de cinquenta, pedindo duas garrafas de água junto.
— Refrigerante é ruim, vamos beber água. A comida é pra levar.
Júlia sorria ao receber o troco. Felipe sempre com um olhar confuso, não disse nada e a seguiu para a pracinha, velha conhecida de Felipe, em frente ao restaurante.

Continua...

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